Blogue de gente de verbo fácil e língua afiada como uma espada de hara-kiri. Alimentado por: Conde, DeNunes, Dulcineia, Edgarganta, Gaja do Teatro, Goretti, Grace Kelly, Jaimemorto, Mousezinger, Romero, Stôra e Toni Ciganita

quinta-feira, maio 31, 2007

O que é feito do "Vós"?

O meus alunos bem me dizem que nunca utilizam o Vós (Pronome Pessoal, 2ªpessoa do plural). Eu também muito raramente. Não digo " vós ides às compras ?" ou "vós fostes à praia? Nos Maias estão lá muitos Vós!
É uma pena só vos digo...

quarta-feira, maio 30, 2007

Trienal de Arquitectura de Lisboa

http://trienaldelisboa.sapo.pt/

segunda-feira, maio 21, 2007

ESTOU FARTA DISTO...
QUERO OS MEUS AMIGOS AO PÉ DE MIM...
A VIDA SÃO 2 DIAS E SÓ NÓS SOMOS MAIS DE 10
MARCAÇÃO DE ENCONTRO E MAIS NADA...
FICO À ESPERA DE SUGESTÕES....

PRONTO

BEIJOS

segunda-feira, maio 14, 2007

15 de Agosto 2007 - Portugal

quinta-feira, maio 10, 2007

O LOUCO GLOBAL


O homem entrou no metro mas não começou logo. Esperou que pensassem que era um utente normal. Então lançou, aos gritos: "Mais 20 mil soldados para o Iraque? Vão regressar todos em sacos de plástico. Todos!" Estava a falar com alguém? Não. Gritava para quem quisesse ouvir. "Acabaremos também por ir lá parar!" E continuou, sem baixar o volume, num discurso ininterrupto, como se se dirigisse a uma plateia interessada. E talvez fosse o caso.

O homem tinha a barba por fazer e vestia roupas sujas e rotas. Levou escassos segundos a que os passageiros o classificassem mentalmente como um "louco do metro". Como tantos outros do género, no metro de Lisboa. Entram numa estação, fazem um discurso e saem na seguinte. Ninguém reage, obviamente. Ninguém o interrompe para dizer "desculpe, não concordo inteiramente com esse ponto...". Também ninguém diz: "Cale-se, que me está a incomodar". As pessoas evitam até cruzar o olhar com o dele. Se identificasse um interlocutor, o homem poderia desatar a falar para ele, a fazer-lhe perguntas, ou a insultá-lo, o que seria muito embaraçoso. Ou poderia mesmo desferir-lhe um murro certeiro no nariz, caso lhe ocorresse interpretar o silêncio aflito do transeúnte como prova irrefutável da sua conivência com a política de Bush para o Iraque.

Era um louco do metro e portanto o melhor era não ligar. Falou mais um pouco sobre o Iraque e depois passou para a reforma da administração pública em Portugal, não sem antes se deter brevemente no problema do nuclear do Irão. Podia ser maluco, mas não havia dúvidas de que estava muito bem informado. Mais do que as pessoas normais.

Lembrei-me de entrevistas que ouvi do Gato Fedorento ou dos redactores do Contra-Informação, em que descrevem o seu método de trabalho: sentam-se todas as manhãs a uma mesa, com a imprensa do dia, e estudam as notícias e os temas sobre os quais vão depois construir o discurso humorístico. Será que o maluco do metro faz o mesmo? Começa a manhã com uma pesquisa exaustiva em jornais e revistas, na internet, em livros especializados, sublinhando, tirando notas, para depois elaborar o seu discurso louco do dia?

Tenho pensado muito nesta questão. Porque andam os loucos hoje tão bem informados? Por serem loucos? Ou foi a informação que os enlouqueceu? Uma coisa é certa: a demência não impede um discurso articulado e crítico sobre o mundo. Impedi-lo-á a sanidade?

Será a imposição de limites ao horizonte uma condição para a nossa saúde mental?
Ninguém sobreviveria se soubesse de tudo o que se passa no mundo. Hoje, as informações estão disponíveis em doses capazes de nos destruir. Não é possível compreender a sociedade global sem o recurso a teorias da conspiração, projectos terroristas, filosofias paranóicas. O nosso modelo axiológico apenas está preparado para o universo do indivíduo e do seu reduzido ângulo de visão. Não mais. Em todas as épocas há lendas sobre homens que subiram ao topo de uma montanha e enlouqueceram.

Talvez a ignorância seja, portanto, um recurso dos mais aptos. Fechamo-nos, por instinto de sobrevivência. A liberdade tornou-se um handicap evolutivo. Privilégio dos loucos, que só têm a perder uma audiência muda de curiosidade. "Cambada de estúpidos", rosnou entre dentes o louco do metro antes de se apear na estação seguinte.

Paulo Moura, Público

Números


Trabalho fotográfico digital muito fixe! Aqui

segunda-feira, maio 07, 2007

QUIZ

Adivinhem quem é o tertuliano/a que completa mais um aniversário amanhã?...