Blogue de gente de verbo fácil e língua afiada como uma espada de hara-kiri. Alimentado por: Conde, DeNunes, Dulcineia, Edgarganta, Gaja do Teatro, Goretti, Grace Kelly, Jaimemorto, Mousezinger, Romero, Stôra e Toni Ciganita

quinta-feira, novembro 10, 2005

Mal dizer

Ora bem. Vamos lá ver se nos entendemos.
E que esta explicação do meu ponto de vista não seja confundida com justificação.
Porque justificar, neste contexto, presupõe um vago sentimento de remorço.

A Dulcineia, pessoa que admiro mais do que ela julga, chegou a um ponto que achou que tinha de desabafar. E fê-lo bem, porque um desabafo é algo que é sempre muito bem vindo entre amigos.
Ter uma opinião diferente da dos outros por vezes não é fácil mas partilhá-la é consideravelmente mais difícil. Mas tanto na primeira vez que li o seu desabafo como agora, e, sublinho, na minha opinião, a Dulcineia foi apenas um pouco ríspida nas palavras que escolheu. Eu achei que podia mostrar um outro lado à questão e tentei tornar o meu comentário o mais suave que pude. Que diabo, escrever Nuno Rogeiro e Armando Gama num comentário qualifica-o automaticamente como comentário cómico. E ainda em tom de brincadeira acabei com a referência ao Dulcineia, aos moinhos e aos gigantes.

denunes, percebe, como a Dulcineia percebeu, que há maneiras de dizer as coisas, por mais razão que se julge ter. Porque há palavras mais ríspidas. E há, sobre a capa protectora de "isto é uma Crítica", uma sensação de impunidade que não se deve ter.
Se tiveste -alguma- piada na insinuação que eu andava a depositar em contas para ter "tanta e obstinada bajulação", já não achei que tiveste na "lamúria e no lamento".

E sempre que tive alguma coisa a dizer, disse.
E sempre que tive alguma coisa a escrever, escrevi-o.
Nunca pedi a ninguém que o fizessem por mim.

Para finalizar, e porque também me sinto como alvo, devo dizer que quando um grupo se junta já há uns tempos é normal surgir uma espécie de identidade, com alguns tipos de comportamentos próprios, e até um humor e um à-vontade que raras vezes é utilizado daquela maneira específica noutros espaços, com outras gentes. Assim, nunca fomos gente parva nem gente que sofria de alguma espécie de anormalidade comportamental.
Que eu tenha assistido, só houve uma vez em que um comentário foi longe de mais porque o tema era sensível a ambos os intervenientes. Falo do incidente entre o Jaimemorto e a Gracekelly que foi saneado após a devida explicação de ambos os pontos de vista.
Porque há assuntos da mais alta seriedade que são discutidos e ainda bem.
Porque sabemos identificar o momento em que estamos.
Mas, digo eu, se mesmo com o respeito merecido e o envolvimento adequado há quem regresse a casa incomodado, então aí sim, concordo que ou são parvos ou sofrem de alguma espécie de anormalidade comportamental.

Há momentos para tudo. E há palavras que não eram necessárias.