Carta para Nova Iorque (não enviada por atraso na reacção)
Caros urbanos, um bem haja.
Gostaria muito de estar aí a acompanhar a vossa jornada sem acentos. Por cá continua chato como sempre, com pessoas chatas e tristes que só gostam de automóveis cinzentos e roupas cinzentas. Por cá, seriedade e panhonhice quer dizer o mesmo. O problema é que se não se corresponde às expectativas do chato é por que se é tótó ou parvo. A alegria tem de ser contida não vá ofender o próximo, a liberdade está em falência técnica não vá atrapalhar um qualquer. Ser saudável é não fumar, não beber, não comer, não falar alto, não blasfemar, não arrotar, não ser flatulento, não ouvir, não ler, não viajar, não dizer merda, não dizer puta, não dizer caralho, não dizer fodasse, não foder, e muitos mais "nãos" que agora não me ocorrem e que de certeza são uma conduta impoluta, séria e chata para a vida.
Caros urbanos, continuem a aproveitar essa terra de excessos que quando cá chegarem terão de se habituar novamente a pessoas cinzentas, que se vestem de preto e têm a mente triste.
Um abraço
Romero Mousezinger
8 Comments:
realmente deve ser terrível viver nesse país. é pena quando já só olhamos para o lado triste da vida...
11:03 da manhã
entenda-se "esse país" como o país de "cá"
11:05 da manhã
obviamente que não me incluo nesse mundo maravilhoso que são os tons de cinzento! Apenas observo à parte e por vezes é divertido.
1:23 da tarde
Para mim, a pessoa usa as lentes que quer.
Há um blogue português, deste mesmo país, "de cá", que tem muito talento e muita muita cor: chama-se "escrever para o boneco", é sobre ilustração infantil da Carla Pot.
Encontrei-o através do "agridoce" do Jaimemorto.
10:25 da manhã
Como o próprio Jaime diz a vida é "agridoce" em todo o lado. Totalmente de acordo.
10:26 da manhã
Errata: o blogue que mencionei é de vários ilustradores portugueses, com muita, muita cor. Ainda melhor!
10:32 da manhã
dulcineia, não te assustes. Este mundo que eu descrevi não passa de uma mera divagação ficcional, não é real.
10:34 da manhã
eh pá aquilo no fundo não tem nada de especial, é como ir ao Colombo no sábado 24 de dezembro mas a céu aberto, com casas grandes e várias almirantes reis pegadas umas às outras. Se eles vissem a diversidade de cegos que temos a pedir no metro até se envergonhavam da cidadela que têm.
11:34 da manhã
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