Blogue de gente de verbo fácil e língua afiada como uma espada de hara-kiri. Alimentado por: Conde, DeNunes, Dulcineia, Edgarganta, Gaja do Teatro, Goretti, Grace Kelly, Jaimemorto, Mousezinger, Romero, Stôra e Toni Ciganita

terça-feira, dezembro 27, 2005

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há pouco comentei a primeira fotografia da clarinha e achei, que deveria dizer mais alguma coisa, a propósito deste momento que é trazer um filho ao mundo.

não acho que se tenha de explicar e porventura, desnecessário será o fazer, pois estou convencido que emocionalmente estamos perante um acontecimento da nossa vida em que somos transparentes.

lembro-me, ainda antes de engravidar, ao ver aqueles programas dos animais, reflectir e concluir que, de todas as razões que inventamos para objectivar o nosso percurso, duas são naturalmente óbvias: sobreviver e procriar. ambas podem ser interpretadas de diferentes formas. posso até arriscar a dizer, que fazem parte do nosso reflexo intuitivo. pessoalmente, acredito ainda numa terceira, o amor, mas estou convencido que para a maioria se trata de uma engodo. por isso mesmo, e uma vez que não faço nenhuma reflexão pessoal mas sim genérica, sou obrigado a deixar o amor de parte.
claro que ambicionei ser rico, ter isto e aquilo, ser o melhor, ser o "maior", ir aqui e ir ali, enfim, dar continuidade aos conhecimentos adquiridos de uma forma interpretativa.

agora, escolhi ser pai.

e devo dizer que considero que isso não significa abdicar de nenhuma das outras superficialidades que pensei anteriormente. bem pelo contrário, porque também sei que são elas, a parte mais racional do ser humano e que estão intrinsecamente ligadas às duas outras, no equilíbrio da personalidade. a razão pela qual as considero secundárias ou acessórias é somente na perspectiva de considerar as outras duas inevitáveis. afinal, todos vamos chegar à casa de partida. a pergunta que se faz é como é que vamos lá chegar, não no modo, mas sim olhando para trás. quero chegar com os bolsos cheios de notas? quero ser reconhecido como uma personalidade histórica? quero ter tido os meus minutos de fama? quero conquistar o mundo? bah!

de uma perspectiva civilizacional, é óbvio que podemos sempre contar com a descendência dos outros, mas não imagino melhor frma de continuar a viver, senão aprendendo e ensinando... de preferência com os nossos filhos.

não pretendo de todo moralizar nem dirigir-me a ninguém em especial, trata-se somente de partilhar uma emoção. por isso, gostava de por fim, dar as boas vindas à clarinha, felicitar o mousse e a stô e, ambicionar, porque não, que os demais escolham o mesmo caminho.

obrigado por me aturarem...

1 Comments:

Blogger Ricardo Machado said...

Obrigado De Nunes! E faço minhas as tuas palavras, se não achares abusivo da minha parte. Mais: Noto com alguma surpresa o surgimento e evolução de atitudes nitidamente provenientes do instinto patternal, algumas boas, outras nem por isso... mas acho que faz parte do processo e penso que só assim a humanidade chegou onde chegou.

11:04 da manhã

 

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